segunda-feira, 18 de julho de 2011

A "Democratização da Docência no Ensino Superior" e uma estranha matemática (Democratização = Mercantilização + Precarização?)

Prezados,

A educação é um assunto sempre presente na pauta dos discursos políticos. Em época de campanha é muito comum frases como "Precisamos investir em educação"; "Precisamos qualificar nossos professores"; "Precisamos remunerar melhor nossos professores"; "Precisamos democratizar a educação" etc.

Particularmente não duvidamos de que haja pessoas que efetivamente se preocupem e que trabalhem, para o avanço e o desenvolvimento de uma área tão importante para o nosso país.

Porém, infelizmente - e isto não é novidade para ninguém - nem sempre as práticas correspondem aos discursos. Muitas vezes o que acontece é justamente o oposto.

Este é o caso da proposta de "Democratização do Ensino Superior" que foi apresentada, há poucos dias, por um "ilustre" senador paranaense.

Veja a análise que O Alienista faz desta "proposta" e tire suas próprias conclusões.

http://givaldoalves.wordpress.com/?s=democratiza%C3%A7%C3%A3o+da+educa%C3%A7%C3%A3o.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Voltando a discutir sobre o desarmamento!

Nesse momento, após a tragédia do Realengo, em que as atenções se voltam novamente para a questão do desarmamento da sociedade, vale a pena nos lembrarmos da postura da "Veja":


Na época, a Veja defendeu descaradamente a indústria armamentista!
Não nos esqueçamos disso!!


Adriana

Assassinatos na escola em Realengo: o que isso nos ensina?

Reproduzo abaixo texto fantástico do blog mariafro.com.br, comentando sobre a tragédia do Realengo!
É necessário lermos e meditarmos sobre o que aconteceu!!

Adriana

"A escola deve ser espaço mais sagrado que qualquer templo"

Acordo muito cedo, levo minha filha pra escola, volto e por volta das 7 H retomo minha rotina. Sou educadora, aprendi a ser desde quando, no 1º ano da Universidade, entrei numa sala de aula de Educação de Adultos, depois em salas de 3º ano de Ensino Médio, e depois com crianças de 6º e 7º anos do Ensino Fundamental e, paralelamente, formando professores em diferentes cursos de formação mas, especialmente, na formação para a educação em direitos humanos, na educação para a igualdade étnico racial.
Educar é a minha vida, acredito que podemos educar em todos os espaços sociais (no mundo off line e no mundo on line).
Hoje, pela manhã, em Realengo, Rio de Janeiro, Wellington Menezes Oliveira conseguiu entrar armado na escola municipal Tasso da Silveira (de Ensino Fundamental),  e até o momento as notícias desencontradas das tevês e jornais informam que 11 crianças foram assassinadas com tiros na cabeça e abdômen.
O mundo inteiro se volta para o Brasil, para Realengo, para o Rio de Janeiro:GuardianLe Figaro e La NaciónAl JazeeraBBCEl PaísLa Reppublica eWall Street Journal - ”A tragédia choca a sociedade brasileira, de orientaçao familiar e onde a violência contra crianças é rara”. Infelizmente, a violência contra as crianças e adolescentes não é rara no país. Existem diferentes formas de violência, adolescentes, meninos, negros são os mais vitimados. Uma pequena busca aqui no Blog mostrará alguns vídeos de policiais atirando em adolescente em Manaus, policiais espancando adolescente em Feira de Santana e tantas outras formas de se propagar a violência.
Professores exauridos, desestimulados cansam-se de denunciar a violência em várias escolas urbanas das periferias brasileiras: crianças e adolescentes expostos ao tráfico de drogas, alunos armados, roubos… Mas nada se compara ao que aconteceu nesta escola hoje. Uma escola de referência, pois tem uma política inclusiva, atende deficientes auditivos.
Na manhã de hoje a escola recebia ex-alunos para dar palestras em comemoração aos seus 40 anos. Segundo relatos de profissionais da escola de Realengo o ex- aluno, Wellington, aproveitou-se disso e se identificou como um dos palestrantes.
Não se tem ainda informações seguras sobre o que levou este jovem a matar 11 crianças de 12 a 14 anos (10 meninas e 1 menino) e ferir mais 29! Quanto a morte do atirador, a versão do sargento Alves, o primeiro a chegar na escola é de que o atirador foi baleado pelo sargento e após levar um tiro se matou.
Há uma imensa especulação na mídia televisiva e impressa sobre o perfil do atirador: desde que se tratava de um ‘extremista islâmico‘, de que era ‘filho adotivo’, ‘viciado em internet’, jovem de ‘poucos amigos’,  ’portador do HIV’…
Esse é um momento perigoso, onde empresas jornalísticas em busca de audiência exploram como podem esta imensa tragédia: islamismo, adoção, internet e portadores de HIV tornam-se explicações fáceis para nossas mentes bestificadas diante do absurdo que é crianças serem mortas dentro da escola.
Ouço na Record News o absurdo do apresentador João dizer que ataques como este é ‘normal’ no Oriente Médio! Tevês dizem que o atirador deu mais de 100 tiros! Como seria possível dar mais de 100 tiros se o atirador portava dois revolveres de calibre 38?  Como este jovem tinha tanta munição? Como conseguiu as armas? Como fomos capazes de dizer não ao desarmamento e sim ao comércio de armas?
Tento escrever este texto em busca de alguma organização mental, emocional. Sou mãe, educadora, não posso sequer imaginar a dor incomensurável desses pais que deixaram seus filhos na escola, porque é um espaço de saber, um espaço de formação, um espaço de cidadania, um direito das crianças e adolescentes frequentarem de modo seguro, um dever de governos proverem e uma obrigação constitucional dos pais enviarem seus filhos.
No meio de tantas especulações feitas pela imprensa, é preciso ressaltar o bom senso do prefeito Paes ao se pronunciar: não espalhou pânico, defendeu a escola como um espaço da comunidade.
A presidenta Dilma Rousseff fez um pronunciamento visivelmente emocionada em solidariedade às famílias e as crianças vitimadas.
A ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário sabiamente ressaltou que neste primeiro momento é preciso oferecer toda a solidariedade e apoio às crianças da escola e as famílias das vítimas e, ao mesmo tempo, lembrou à imprensa de sua responsabilidade, para que evitassem espetacularizar esta tragédia espalhando pânico entre as crianças. Rosário rememorou, por exemplo, como a imprensa explorou o caso da menina Isabela. Mesmo assim na Record News prosseguia insistindo no ‘argumento’ de que nos ‘demais países’ isso é ‘terrorismo’ e se não iremos tratar assim também! Como pode uma tevê propor esta abordagem sem qualquer investigação?
Como pode políticos oportunistas como o deputado Marcos Feliciano mais uma vez se aproveitar de uma tragédia sem precedentes no país pra espalhar seus dogmas equivocados, intolerantes, irresponsáveis e afirmar que tal tragédia é uma profecia divina pra castigar infiéis?
Gostaria imensamente que aprendêssemos como tragédias como estas. As escolas não devem virar prisões (algumas já têm este aspecto) elas devem ser espaços valorizados pelas comunidades, devem ser fortalecidas, queridas, abraçadas, nossas crianças efetivamente protegidas, tratadas com dignidade para que cresçam amando o conhecimento e diminuindo o grau de intolerância. Nossos profissionais da educação devem ser valorizados, porque é uma imensa responsabilidade e exige uma tremenda formação profissional formar futuros cidadãos.
Que esta tragédia não sirva para os oportunistas de sempre pregarem mais e mais intolerância. Que possamos aprender com Hannah Arendt a lição maior da autoridade: o mundo adulto é responsável pelas gerações futuras. Não fujamos de nossas obrigações. Isso significa que todo adulto deve ser responsável por qualquer criança. Isso significa, por exemplo, olharmos para além dos nossos umbigos, de nossas crias, de nossos alunos, isso exige de nós um compromisso maior e real com políticas públicas que sejam capazes de incluir, educar, prover de espaços culturais e de lazer, formar e amar todas as nossas crianças. Elas merecem um futuro melhor que balas na cabeça em seu espaço escolar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Dilma: Festa da Folha, Ana Maria Braga, Hebe, Obama e a mídia velha


Reproduzo abaixo o texto do blog da Maria Fro:
Quase três meses de governo e parece que a presidenta Dilma Rousseff estabelecerá um outro padrão na relação do governo com a mídia velha e nas relações internacionais.
Primeiro, sem nenhuma necessidade a presidenta vai a uma festa privada dos Frias como presidenta. Ela tinha agenda ocupadíssima no dia, um encontro com os governadores do Nordeste, saiu de lá correndo para fazer seu discurso mais lamentável até o momento.
Depois estabeleceu boas relações com programas voltados para o público feminino da classe C primeiro na Ana Maria Braga, depois na Hebe.
O programa da Hebe ontem só tendo muito bom humor para assistir, não há análise semiótica que resista a um espetáculo tão triste de exibição limítrofe de uma senhora que beira os 80 anos. Dilma até que se esforçou, mas visivelmente era difícil conversar com aquela senhora Gracinha! Num dado momento eu achei que a Hebe iria perguntar por que Dilma foi presa. Para sintetizar digamos que Ana Maria Braga perto de Hebe é assim uma Simone de Beauvoir.
Finalmente, a visita de Obama. A assessoria da embaixada estadunidense no Brasil faz uma pataquada desrespeitosa para recepcionar Obama. É como se estivéssemos no século XVI! Resta saber se Dilma vai dizer amém à compra de caças dos EUA que não transfere tecnologia e nos torna dependentes. Acompanhemos.
Para encerrar esta relação ambígua estabelecida por um governo progressista com os barões da mídia mais conservadora e golpista, a presidenta oferece um almoço de boas vindas ao presidente Obama no Itamaraty (liturgia do cargo), mas convida para participar do rega-bofe nada mais nada menos que: João Roberto Marinho (Globo), Luis Frias (grupo Folha), Amilcare Dallevo (RedeTV!), Edir Macedo (Record) e Nelson Sirotsky (RBS) dentre outros.
Há algo muitíssimo curioso nos sinais ambíguos desses dois primeiros meses de governo para além dos elogios rasgados à presidenta na mídia velha (que sempre tenta criar uma cisão nas relações pessoais da presidenta com o ex-presidente): todos os tucanos de carteirinha da elite paulista com quem conversei passaram a admirar Dilma. Falam com  prazer inenarrável e com um olhar de alívio comovente sobre como esta mulher culta e respeitável está ‘corrigindo’ todos os erros do ‘ex-operário atrevido’ que se meteu a ser presidente. Enchem a boca pra falar do ‘acerto’ de não aumentar o salário mínimo, aplaudem o corte de 50 bilhões no orçamento e o fim da ‘farra’ de alimentar esses ‘parasitas do funcionalismo público’, de como ela é ‘democrática’ e respeita a ‘imprensa livre no Brasil’, diferente daquele’ inculto que não lia jornais’ e se orgulhava de ser ‘analfabeto’ e ainda por cima falava com ‘blogueiros sujos.‘ Estão realmente felizes com o que eles vêem como sinal de reaproximação com o mundo civilizado (leia-se Estados Unidos) e não como fez o ‘metalúrgico com o Irã e seus amigos ditadores’.
Eu ando com bastante saudades do Cara, particularmente de como ele compreendeu, embora muito tardiamente, que não se alimenta escorpiões, porque é da natureza desses nos picar as costas. Será que é por isso que a presidenta tem de pagar este ônus? Acompanhemos, pois de fato ainda é muito cedo para taxar Dilma como uma ‘Obama de saias’.
Publicado originalmente em: http://mariafro.com.br/wordpress/